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Vivemos na época da falsificação, da fraude, da adulteração de factos. Procuramos informação e obtemos desinformação; mentiras veiculadas em 30 segundos de vídeo amador ou em exacerbados discursos de grandes empresários e altos responsáveis políticos. Procuramos substância e encontramos artefacto; somos impelidos a consumir depressa, sem pensar, sem questionar, forçados a replicar fórmulas e a seguir modelos numa busca desesperada por validação e sucesso.

Acreditamos em messias, decoramos homilias, na esperança vã de que a fé, não necessariamente a religiosa, nos ajude a encontrar o caminho. Agradecemos à previdência, a Deus, ao juro bonificado, uma vida simples e humilde, dispensada de coisas supérfluas, como a cultura e a cidadania, que só servem, dizem-nos, para atrasar o desenvolvimento da pátria e minar a solidez da família. Quando a maré está favorável embarcamos em romarias e festivais, pomos a colcha à janela e cantamos e dançamos, porque sempre fomos um povo alegre e tristezas, como bem sabemos, não pagam dívidas. Na euforia deste período recreativo em curso (prec) transformamos as nossas vilas e cidades em parques de diversões, damos foral da ocidental praia lusitana à elite internacional, vendemos a alma em casas de pasto, e de fado, entre pratos falsificados de gastronomia local e saudades inventadas para inglês ver.

Já fomos bravos, aventureiros, idealistas, utópicos, temerários, anarquistas, populares – mas não populistas – solidários, ativistas, como daquela vez em que a onda se levantou por Timor. Já fomos fortes no amor, corajosos, audazes e ambiciosos, como quando passámos a fronteira a salto e resistimos, clandestinos, à mais longa ditadura da Europa. E até originais, quando fizemos uma revolução com cravos.

Agora tudo é fake, low cost, souvenir, estamos reduzidos à baixa condição de obedecer e servir, à capacidade técnica de imitar. Por vontade própria ou demanda alheia somos, ao mesmo tempo, autores e vítimas da na nossa contrafação.

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Contrafação é o terceiro álbum da Luta Livre, sucede a Técnicas de Combate (2021) e Defesa Pessoal (2023). São dez canções de escárnio e mal dizer baseadas nas aventuras e desventuras de um português em Portugal. Dez canções simples, de melodia fácil, acompanhadas à guitarra e ao sintetizador, capazes de embalar o corpo e a mente do ouvinte mais incauto. Não são acústicas nem elétricas, não são modernas nem tradicionais, nem grandes nem pequenas, nem eruditas nem populares, são o que são, sem artefactos, livres de hipertensão; há um fado que é imperfeito e uma morna cheia de gratidão, um corridinho sem respeitinho e um malhão, mas também há uma balada de redenção, duas canções de amor e uma oração.

Luís Varatojo

Discos

Capa do disco Contrafação: Ilustração surrealista colorida com figuras humanas, animais e objetos misturados.

FICHA TÉCNICA:

Gravado entre outubro de 2024 e maio de 2025 no estúdio Som da Mina, em Lisboa
letras, músicas e todos os instrumentos: Luis Varatojo
produção: Luis Varatojo
mistura: João Martins,  Estúdio Ponto Zurca
master: Rui Dias, Estúdio Mister Master
design: Carlos Guerreiro
fotografias: Fernando Martins

Luta Livre - Defesa pessoal

FICHA TÉCNICA:

Editado em Março de 2023 em CD.
Letras / músicas / capa: Luis Varatojo
convidados:
Ivo Palitos (voz), Manuel Wiborg (voz), Pedro Mourato (guitarra acústica), Diogo Santos (piano), João Gentil (acordeão), Quine Teles (percussão), Iuri de Oliveira (percussão), Gospel Collective (coro), João Martins (misturas), Rui Dias (master), Rita Carmo (fotografias), Lino Guerreiro (arranjos coro), Luis Carlos Amaro (produção gráfica).
Gravado em Lisboa em 2022.

FICHA TÉCNICA:

Editado em Fevereiro de 2021 em LP e CD.
Gravado no Estúdio Som da Mina em Lisboa entre Janeiro de 2019 e Outubro de 2020. Produzido por Luis Varatojo.
Músicos convidados: Kika Santos, João Pedro Almendra, Edgar Caramelo, Ricardo Toscano, Nelson Cabral, Coro Gospel Collective, Ivo Palitos, Diogo Santos, Pedro Mourato, Coro Infantil Os Amigos do Vicente.
Master: Rui Dias, Mister Master Estúdio.
Ilustração da capa: João Pombeiro.
Letras desenhadas: Cristina Viana.
Design gráfico: Luis Carlos Amaro.
Videos de animação: Andreia Reisinho Costa e Cristina Viana.

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